Uma das primeiras vítimas do Covid-19 foi enfermeiro Athaíde Celestino da Silva, meu amigo de infância lá de Nortelândia que, após um longo martírio na UTI, veio a perecer. Ontem perdi mais um grande e querido amigo de infância Almir Araújo Ramos (Leco) que, depois de uma semana internado, no Pronto Socorro de Cuiabá, não resistiu. Você que me lê deve ter alguém da sua família ou do seu círculo de amizades que, também, foi vítima do mesmo mal. Enfim, estamos frente a uma tragédia universal e anunciada. Tivemos, aqui no Estado de Mato Grosso, tempo para nos preparar, pois foi um dos últimos estados onde a doença apareceu. Entretanto, as nossas autoridades não se entendem até hoje. O Governador se engalfinha no ringue com o Prefeito de Cuiabá. Por outro lado, Várzea Grande que pertence a Grande Cuiabá, se enredou por outro caminho. E o resto do interior se descambou por outro. O certo é que neste “cabaré de cegos” se instaurou o quadro fértil que levou o Estado a ser campeão no número de contaminação e mortes. Não existem sequer mais leitos de hospitais disponíveis! Por seu turno o Presidente da República que não abandonou a ribalta de campanha eleitoral e dá exemplo de como não se combater a pandemia da seguinte forma: não acredita que existe pandemia até hoje, trata como se fosse uma “gripezinha”; dar um péssimo exemplo quando sai em público sem os cuidados pessoais necessários; joga culpa pelo combate a crise nos prefeitos e governadores; ultimamente vetou grande parte da lei que exigia cuidados em alguns locais públicos e, por incrível que pareça, ainda manda tocar música em memória dos mortos. Ainda bem que o STF teria lhe negado (ao Presidente) algumas atribuições pertencentes a outras autoridades no combate à doença, pois se dependesse dele que age e pensa da forma acima explicitada, a coisa estaria bem pior. Ressalte-se que o capitão se livrou dos seus ministros da saúde e virou médico, com o requinte de receitar remédios. Deve se está se medicando, pois foi acometido pela doença que ele sequer acreditava que existia. Todos nós temos compromisso com a vida. A morte não tem conserto. É preciso não deixar morrer, pois homenagens póstumas não curam as feridas dos vivos e nem serve de consolo para os mortos. A nau de insensatos que se transformou o País navega, às cegas, à procura de um estadista! Pensando bem todas as autoridades acima citadas, não deveriam responder civil e criminalmente pela omissão manifesta? O mundo inteiro tem um protocolo de combate a COVID-19 elaborado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Todos os países e estados brasileiros que o observaram, desde o início, saíram ou estão saindo da pandemia. Aqui no nosso Estado, as autoridades devem criar juízo e fazer a aplicação correta do protocolo, após mais dores e sofrimentos, pois as vacinas são ainda apenas uma vaga promessa. Aos parentes e amigos de todos aqueles que foram acometidos pela referida doença ou que pereceram, só resta desejar que Deus os conforte e os console, pois o mal está feito e não pode mais ser nem remediado.
Renato Gomes Nery. E-mail – rgnery@terra.com.br