Em um passeio rápido por Cuiabá, ficaremos surpresos com a paisagem que se desenrola a nossa frente, principalmente quando se trata de obras públicas. A bela Avenida Fernando Correa da Costa, à guisa de ter o VLT levando e trazendo as pessoas de forma rápida e segura, foi premiada por uma manada de elefantes gordos que se descortinam no seu percurso.
A avenida Brasília que inicia no Shopping Três Américas e a entrada de um dos lugares mais bonitos da cidade que é o campus da Universidade Federal de Mato Grosso, bem como a entrada da rodovia para o Município de Santo Antônio do Leverger e a via que demanda para o Bairro Tijucal foram obstruídas, vítimas do que há de pior na engenharia do País. Tratam-se de uns elevados de concepção jurássica que parecem ter sido edificados a golpe de machado, com seus pilares e vigas robustíssimas que desafiam a eternidade e parecem que vão sustentar a terra, limitando os acessos laterais com meras trilhas. Enfim, se podiam fazer estas obras subterrâneas, salvando o cidade do mau o gosto, da feiura e da inviabilidade, por que não fizeram! Certamente, por que se utilizaram das mesmas conveniências e interesses inconfessáveis da troca do BRT pelo VLT.
E o mau gosto se espraiou pelo Bairro Despraido. E ora, também, por incrível que pareça, estão sendo construídos outros elevados nos mesmos moldes, na entrada da Ponte Sergio Mota e no cruzamento Bairro Jardim Itália com a Avenida das Torres. Portanto, a depender dos nossos administradores a cidade é candidata a inviabilidade e a miss feiura.
O “enfeiamento” da cidade é antigo e fez escola. Na mesma Avenida Fernando Correa da Costa tem um elevado sem retorno por onde passa a Avenida Perimetral. E foi feito outro elevado igual na Avenida do CPA para passar a mesma Avenida Perimetral. E na sequência, depois do Shopping Pantanal, mais um estranho arco de concreto de retorno de veículos que desafia a estética e que, segundo um engenheiro, não tem as mesmas dimensões em todo o seu percurso.
Também, na mesma avenida Fernando Correa da Costa tem duas pinguelas de passagem de pedestres que podiam ser subterrâneas, mas que a conveniência fez brotar acima do solo dois gafanhotos de ferro. E estas maravilhas da engenharia local estão sendo replicadas em frente a Rodoviária e sabe lá mais onde!
Eu não sou arquiteto e nem engenheiro. Nessa área o que detenho é um curso de Estradas feito na antiga Escola Técnica Federal de Mato Grosso. Entretanto, como cidadão e contribuinte, me vejo na contingência de me manifestar em tudo aquilo que me incomoda, principalmente no aqui relatado, por trata-se de edificações inviáveis, mal feitas, sem observar a praticidade e a estética, as custas do rico dinheirinho do sofrido contribuinte. Certamente que no futuro estas aberrações terão ser resolvidas. Enfim, se será pra desfazer por que é que fez!
Renato Gomes Nery. E-mail – rgnery@terra.com.br