AGORA QUE QUÉ ESSE!

        

        Onde já se viu um crima desses!  A Cuiabá de açúcar gelou tanto que tá dando arrupios!...  E esse frio sentou praça e tá querendo matar os “xomanos”! Os três dias normais do suposto frio cuiabano está indo pra demais de londje! Agora que qué esse! Dez (10º)!.. Nove (09º)!...  Isto vai matar nós tudo!

        A temperatura média aqui é acima de 30º e, nos escassos períodos de baixas temperaturas, os termômetros caem entre 10º e o máximo 15º. Variações estas que são responsáveis pelo perecimento de animais, nas pastagens do vasto território do Estado. E agora com ela oscilando para baixo 20º ou mais, os nossos rebanhos, certamente vão sofrer severas baixas. Sem se esquecer dos moradores de rua e pobres em geral que vão sentir severos reveses. 

                         Nem tudo está perdido! Do limão – com carinho, afeto e açúcar – faz-se, uma limonada! Vamos saudar o frio, nesta antevéspera das festas de São João. Ele é um convite para transgredir e fazer travessuras. Meninos de ontem e infantes de hoje, ponham fogo no mundo: façam uma bela e grande fogueira, saudando este tempo sisudo, com som de uma boa banda de música, soltando traques, fogos de artifício, bebendo e comendo iguarias quentes! Que tal uma pamonha, pé de moleque, arroz doce, bolo de arroz, curau, pipoca, milho verde cozido/assado e um delicioso quentão!  
                                É tempo de São João! Que saudades dos tempos de menino, quando pulávamos, aquecíamos nas fogueiras e dos intermináveis folguedos. Não tinha tempo ruim! E o mundo era encantado e nosso! Evoco a infância, pois é nela e, nos olhos inocentes e inquisitivos de todas as crianças, que residem as promessas de um tempo e um mundo melhores. 

            É preciso renovar a crença de que o bem é, soberanamente, maior do que o mal. Que nós somos um povo abençoado e temos a felicidade de habitarmos um grande País que um dia se livrará de todos os seus entraves, de encantadores de serpentes, de problemas e percalços. E, sobretudo, que Deus é maior que tudo e sempre esteve e estará do nosso lado. 

            E, como sempre acontece, fui traído pela minha imaginação, pois eu queria somente falar deste frio extemporâneo, seus desdobramentos e algumas questões que me incomodam. Entretanto, me enveredei pelo estuário do mundo infantil, cheio de luz, força, fé, destemor, coragem e esperança. E ouço, sussurrando, ao meu ouvido, uma voz infantil que me diz: “Agora que qué esse!... Larga desse!.... Vamos em frente! O futuro nos espera de braços abertos”.

            Renato Gomes Nery. E-mail – rgnery@terra.com.br

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