Nascemos na escuridão e vamos pouco a pouco descobrindo e desvendando a luz. Nasce-se como uma página em branco, onde se vai grafando as experiências do aprendizado. Aprende-se a arrastar e depois a dar os primeiros passos e, daí, por diante, vai-se descobrindo o mundo, nas coisas palpáveis e visíveis a nossa volta, como as sensações, sabores e experimentos. Viemos aqui, neste mundo secular, para aprender. Quanto mais curiosos somos, mais aprendemos. Ninguém nasce sábio, estes se fazem ao longo do tempo e de demorado aprendizado, em incontáveis fontes de conhecimento. Portanto, todo aprendizado, seja ele qual for, é valido, pois foi gestado por um pensar e/ou experiências pessoais de outras pessoas, como, por exemplo, os livros.
Enfim, a ignorância é sinônimo de escuridão. A apologia a ela é um retrocesso. Portanto, está no saber a nossa libertação. Somente chegamos a este estágio da civilização, por termos rompido diuturnamente os umbrais de ignorância.
Você, meu caro leitor deve estar se perguntando aonde eu quero chegar com esta proza aleatória: aos livros. Foi graças a eles e a minha desmedida inquietação e curiosidade que sempre busquei desvendar o mundo a minha volta e o grafo semanalmente nesta coluna que ninguém ler, como afirma um estimado amigo meu.
E tenho uma grande frustração, como tinha o meu mentor: não conseguir passar, com eficiência o gosto regular pela leitura para aos meus filhos e pessoas mais chegadas. Ressaltando, que, devido a alguns reveses da vida, não consegui sequer fazer uma vida acadêmica regular no magistério.
Portanto, a minha transmissão, dos conhecimentos que apropriei, ficou limitada.
E confesso que, apesar de tentar, não consegui encontrar a fórmula mágica de transmissão mais ampla de conhecimentos. Esta empreitada tem ficado cada vez mais difícil, pois há uma preponderância avassaladora das imagens e mensagens curtas. Há uma recusa manifesta de, ao menos, se experimentar as delícias de uma boa leitura. É mais fácil acessar o computador e os canais digitais abertos e fechados da TV, onde tudo está mastigado para ser instantaneamente consumido.
Confesso ainda que me deixa em pânico, quando vejo algum beócio (cada vez mais numerosos) dando lição do que não entende, como se fosse professor do Criador!
Quando eu vejo, os arautos da sabedoria, afirmarem categoricamente que é preciso ensinar as pessoas a desvendar o mundo, através da leitura, eu fico curioso em saber qual a fórmula? Como fazê-lo, principalmente, às pessoas sem inquietações e curiosidades, pois eu gostaria imensamente de ter a capacidade de transmitir, com mais amplitude e eficiência, meus parcos conhecimentos, para tentar alumiar a escuridão da ignorância que me parece cada vez maior e mais ameaçadora.
Renato Gomes Nery. E-mail – rgnery@terra.com.br