Há algum tempo, venho tentando vender o meu apartamento para a Prefeitura Municipal que o avalia além do preço de mercado. Isto é feito intencional e criminosamente para taxá-lo, anualmente, acima do seu valor mercado. E esta mesma Instituição me criva de multas, através de eficientes radares, toda vez que passo um mínimo dos 60 km por hora nas ruas da cidade.
Tenha cuidado, dirija com um olho do velocímetro, pois o seu “possante”, como se dizia antigamente, vai lhe obrigar a vender a alma para pagar um sem número de multas e a perda da habilitação por que o seu veículo passou um pouco além do rigoroso limite de velocidade, o que é difícil de ser observado, pois o limite de 60km/h pode ser ultrapassado facilmente.
Se convidar a patroa ou a namorada para jantar fora, faça promessas, pois os guardas de trânsito podem estar, à socapa, na próxima rua, para lhe obrigar a fazer o teste do bafômetro. E fazendo ou se recusando a fazê-lo, ir-se-á preso, pois cometeu o pecado de ter tomado apenas uma rica cervejinha. Seu carro vai ser guinchado e você será preso em flagrante e terá que pegar a fiança. Um simples jantar tornou-se um pesadelo. Além do que, no dia seguinte, após uma série de aporrinhações, o carro somente será liberado, após pagar os salgados serviços da remoção compulsória do carro e, ainda, será obrigado a pagar uma pesada multa, e terá uns pontos a mais na carteira de motorista.
E o IPVA custa anualmente entre 2% a 4% do valor do carro. Se ficar com o carro por 05 anos, vai-se pagar para o amado Poder Público entre 10% a 20% do seu valor. Isto é uma extorsão a que somos submetidos todos os anos, pois de um carro que custa R$ 100.000,00, irá se pagar entre R$ 10.000,00 a R$ 20.000,00 do seu valor, para ter o direito de manejá-lo pelas vias públicas.
Não se tem aqui um serviço de mobilidade urbana digna deste nome, pois os políticos que cortaram mais de 2.000 arvores no percurso do encantado VLT, há quase 10 anos, ainda não decidiram o que fazer: VLT ou BRT. Enquanto isto a cidade convive com um defunto insepulto de obras inacabadas de um VLT que foi começado, mas não saiu do lugar. Uma vergonha! E agora a coisa foi judicializada e sabe Deus lá quando o Poder Judiciário irá se desincumbir da tarefa que poderia ser resolvida com bom senso que passou longe das autoridades que disputam quem tem o ego maior.
Fui renovar o seguro do meu “possante” comprado o ano passado e, pasmem, o seu valor continuou o mesmo da aquisição e o seguro foi aumentado em 40%. Sim, 40%, sob a alegação da seguradora de que aumentou o número de acidentes, da escassez de determinadas peças e de que não houve aumentos, no período da pandemia de COVID. Portanto, sob estas e outras pueris alegações, o seguro dos carros aumentaram além do normal, mesmo o daqueles que não o utilizaram. Enfim, o valor do seguro anual gira em torno de 04% do valor do veículo. Assim, em 05 anos de utilização do veículo, fora os custos normais de manutenção e abastecimento, ir-se-á pagar em torno de 40% do preço do veículo, em impostos e seguro.
Fica difícil depender dos veículos de massa de mobilidade urbana, pois são precários. Os valores e a taxação dos carros são absurdos, o UBER não funciona a contento. Acho que vou adquirir um jegue, pois creio que não se paga nada pela sua aquisição e nem para utilizá-lo nas ruas. Entretanto, se a referido animal, começar a circular, com certeza, será severamente tributado, pois não ficamos livres da morte, nem dos tributos e nem dos políticos de merda, com raríssimas exceções.
Enfim, a vida, neste País, está muito difícil, pois o seu custo foi severamente agravado pela inflação, pelo dólar alto, pela crise internacional e pela má-gestão. Os víveres e os combustíveis estão pela hora da morte e o rico dinheirinho, ganhado com muito suor, compra cada vez menos. As eleições de outubro não animam ninguém. São sempre os mesmos embusteiros, numa ciranda deste círculo perverso de repetições infindas, colocando em cheque o nosso sistema político e o discernimento do povo para mudar e encontrar um caminho seguro.
Se eu soubesse onde fica Passárgada, não estaria mais aqui!
Renato Gomes Nery. E-mail – rgnery@terra.com.br