A formação acadêmica superior ou profissional intermediária prepara o cidadão para exercer uma profissão que lhe dê, posteriormente, condições de trabalhar num ofício regular. Até ai nada demais. Entretanto, será que tais formações preparam o cidadão para resolver os problemas mais simples que se terá que enfrentar na vida profissional e privada? É comum, após uma formação acadêmica regular, o estudante partir para um mestrado ou doutorado, sem ter ainda a vivência ou habilidade profissional que o credencie ao exercício da profissão que abraçou ou mesmo sem experiência para enfrentar os embates diários da vida. Isto valer para admissão em cargos públicos sem uma anterior experiência profissional. É temerário um médico com doutorado ou mestrado que nunca clinicou. Um advogado com a mesma formação que nunca advogou. Não se constrói um edifício sem fundações! Nem se voa sem asas! Não escreve quem não lê! E surdo não fala! Pode-se achar um exagero o que estou dizendo, mas a realidade é maior que a ficção! O mourejo diário é que prepara para a vida. E na vida profissional é mesma coisa. O exercício diário de qualquer profissão é que aperfeiçoa e amplia os conhecimentos e dá segurança naquilo que faz. A vida não é uma teoria. Ela é, sobretudo, uma prática constante e diária. Eu conheço uma pessoa que fala com fluência 07 idiomas, que somente se preocupou a vida inteira com a sua formação acadêmica e em transmitir aquilo que aprendeu. De repente ela se viu na contingência de crescer e tinha ideia de como, mas tropeçou na prática diária de montar uma empresa e ser uma empresária do ensino. Após diversos fracassos, ela se desesperou e viu que passou a vida inteira nos bancos acadêmicos e numa sala de aula alheia a tudo que dizia respeito à prática diária da vida cotidiana. Um dia ela foi procurada para fazer um trabalho de intérprete e tradução, e chegou à conclusão que não sabia ou tinha esquecido como calcular o valor de um percentual a cobrar pelo trabalho a prestar. Enfim, ela não sabia como fazer uma regra de 03 simples! Entre o academicismo e a prática profissional vai uma distância imensa. Aprender e trabalhar vão além dos aprendizados acadêmicos. Isso é a realidade da vida nua e crua! Viver (e seus percalços) é uma prática que se aprende com o correr da vida. A canção popular – O Seresteiro da Lua – estampa numa linda estrofe: “A vida é uma grande escola para ensinar quem não sabe viver”. Não é sensato ir além da formação regular acadêmica, sem passar antes pela escola da prática diária profissional e de vida. Se assim não for, formaremos papagaios que somente repetem o que aprenderam. Aprende-se a fazer, fazendo – como diria, se perguntado, o ilustre Professor Benedito Pedro Dorileo – e adquirindo segurança com as tarefas realizadas. Tenho dito! Renato Gomes Nery é advogado em Cuiabá. E-mail – rgnery@terra.com.br
FORMAÇÃO PARA VIDA
