O JORNAL IMPRESSO

                                              

                            As pessoas mais velhas normalmente se apegam a velhos hábitos porque estão acostumadas ou sempre fizeram muitas coisas da mesma forma.  Apenderam assim, por que mudar? As bancas de revistas, nas esquinas das cidades, estão escassas, pois foram afugentadas por assaltantes ou porque foram absolvidas pelo mundo digital que, em determinados setores, não deixou pedra sobre pedras.

                              Algumas pessoas ainda estão saudosas das bancas das esquinas ou de assinaturas de jornais e revistas que são entregues em casa. Eu tenho amigos que, nos finais de semana, vão atrás de uma ou outra banca pela cidade, afirmando que mesmo as revistas ou jornais que assinam chegam atrasados. Estas pessoas não só querem ler a notícias, mas senti-las num papel impresso. Parece que as notícias não são reais ou verdadeiras se não forem impressas em papeis que os olhos veem e as mãos apalpam.

                            São as mudanças! E, como as pessoas, são infensas a elas! O Diário da União e dos Estados, bem como o Diário da Justiça da União e dos Estados foram absolvidos pelos meios digitais. Vários jornais, revistas e periódicos diminuíram drasticamente suas tiragens em papel impresso. Além do mais, foram cortadas as despesas de logística e transporte deste País continental, para a entrega domiciliar dos exemplares impressos. Não se pode lutar contra a evolução. Se ainda estivéssemos cultuando os machados de pedra, não teríamos transposto o umbral de evolução que temos hoje tantos séculos depois.

                            Mas o fato de a imprensa escrita e boa parte da indústria do livro terem migrado para as telas dos aparelhos eletrônicos, é uma contribuição relevante para manter muitas árvores de pé, pois o papel impresso é com a madeira das árvores. Se desatinos e desatinados põem abaixo milhares de hectares de árvores todos os anos, o saber tem marchado em sentido contrário.

                            Temos que ver a evolução dos meios materiais e científicos como um caminho sem volta que levará a libertação do homem. Só que esta evolução muito rápida, dos últimos tempos, tem deixado a todos atordoados. Entretanto, apesar da excelência de evolução cientifica, não se conseguiu libertar da indigência e da penúria em que vive grande parte de humanidade que ainda chafurda numa cruel pobreza. E nem mesmo livrar o mundo do fanatismo, dos embusteiros, bandoleiros, falsos profetas e dos interesses espúrios que podem nos levar a uma hecatombe.

                            Aos meus leitores desta página, neste prestigioso Jornal a Gazeta, às quartas-feiras, eu desejo tê-los aqui, por muito tempo. E quando, o referido jornal escrito parar de circular, com excelente impressão na matéria prima das nossas matas, eu espero ainda está redigindo estes toscos textos que um amigo meu afirma não ter mais que meia dúzia de leitores.

                            Renato Gomes Nery. E-mail – rgnery@terra.com.br

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