FLORES NO MAR

                                   

                                      Não se pode ficar somente louvando o passado, porque este é imutável. Ninguém quer saber se no seu tempo foi ou não melhor. Portanto, não é aconselhável ficar cultuado o passado e o confrontando com o presente. Roberto Campos disse que a velhice é uma lanterna de popa que somente ilumina para trás.

                            É por estes e outros motivos que temos a obrigação de pensar e jogar todas as fixas no futuro. Os tempos são difíceis, mas é preciso superá-los de alguma forma, pois o mundo não vai acabar e todos nós temos compromissos com as gerações futuras, como os nossos antepassados tiveram conosco.

                             Não é a primeira vez que o mundo atravessa um período difícil. Não é a primeira vez que temos eleições gerais de renovação dos representantes do povo. As opções são difíceis sem dúvida, mas nada é fácil abaixo da Linha do Equador, pois mourejamos, sem um rumo, desde sempre. O nosso esporte predileto é correr atrás do rabo. Procuramos, nos mesmos de sempre, os caminhos e as soluções que eles não são capazes de nos contemplar.

                            Apesar sermos parte do Novo Mundo, mas esse sempre esteve voltado para o chamado Velho Mundo que dita a direção de tudo o que acontece por aqui. Será que temos algum apreço pelo novo e pela renovação? É difícil de acreditar, pois fomos enganados pelos falsos deuses que por aqui aportaram e a nossa real redenção nunca apareceu. Ficamos à mercê de soluções caseiras e alienígenas que até agora não nos deram uma direção segura. Portanto, continuamos a remar contra a maré de um mar revolto.

                            As eleições de outubro/22 é mais uma tentativa de testar o velho de sempre, pois não somos capazes de sair do círculo vicioso e encontrar gente e soluções novas que nos faça vislumbrar um futuro melhor e mais próspero. Enfim, mais uma oportunidade perdida! Enterramos cara num buraco e recusamos a enxergar o mundo em nossa volta. Até quando vamos chafurdar na lama para descobrir que existe vida além do chiqueiro!

                            É melhor sambar. Temos a competência de sofrer e fazer samba com o sofrimento. Por enquanto, só resta jogar flores no mar, como afirma a canção Mel na Boca de Almir Guineto.

                            Renato Gomes Nery. E-mail – rgnery@terra.com.br

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