ASPECTOS DA SAÚDE NO BRASIL – II

Conta-se que Oscar Niemeyer, que morreu aos 104 anos, fumava e ainda bebericava um vinho. Certa vez, foi abordado por alguém que condenou os seus dois prazeres, fazendo-lhe a seguinte pergunta: o que o seu médico acha desses hábitos? E ele tranquilamente respondeu: o meu médico já morreu. Longevidade é para quem tem, e não para quem quer.

Nós outros temos que começar a difícil batalha contra o envelhecimento, com todos os seus percalços. Temos uma longa jornada pela frente. E somente nessa fase, é que começamos a tomar conhecimento da precariedade da vida e de quão custosos e caros são os tratamentos para prorrogá-la.

A indústria farmacêutica tem um remédio para cada queixa e para cada mal. A impressão que tenho, com as exceções devidas, é que os médicos são, também, treinados para prescrever remédios. Após, normalmente, os exames laboratoriais e fechado o diagnóstico, vem a prescrição de uma penca infinda de remédios. Um para cada mal, como se o corpo não fosse um todo composto. Dizem que o braço grande dos laboratórios está por trás desta prática. Ressaltando, que ainda existe a propagação de suplementos que viraram moda. A erva que servia para fazer chá, agora é vendida em cápsulas com milagrosas promessas, além de comida congelada e exaustivos exercícios físicos para combater a inatividade, a obesidade e seus desdobramentos.

A vida não é fácil e a dos velhos é um tormento percorrido dia após dia, nas mãos dos jalecos brancos, que foram treinados para tentar prorrogá-la, ad infinito.

Quero aqui registrar um fato que já ocorre com as Faculdades de Direito que, no Brasil, que chegam a 1.500 cursos e, segundo

informação de domínio público, o País tem mais Faculdades de Direito do que o resto do mundo. A OAB tenta, através do Exame de Ordem, deter a avalanche de maus profissionais, gestados a facão por este Brasil de meu Deus, mas está sendo vencida neste objetivo.

O mesmo caminho está sendo percorrido pelas Faculdades de Medicina que aumentaram, vertiginosamente, por este Brasil a fora. A formação de médico – que cuida da preservação da vida – deve ser criteriosa e cuidadosa e, não cremos que uma quantidade exagerada de faculdades, com a fiscalização precária que temos em tudo, possa ser eficientemente feita. Os Conselhos de Medicina sequer têm um exame para inscrição nos seus quadros, para tentar deter a invasão de profissionais despreparados no mercado.

O advogado lida com direitos a bens e a liberdade que são, em tese, reversíveis. Entretanto, o médico lida com vida, onde os equívocos e erros podem ser fatais e irreversíveis. Ressaltando que a ressurreição é um dom Divino que homem nenhum detém.

PS – Entre 2013/2018 foram criados 114 cursos de medicina, no Brasil, com mais de 10.000 vagas. Em 2022, foram criadas 67, com 1.145 vagas. Segundo dados do MEC existem 388 cursos de medicina no País. Nos EUA, com uma população maior, possuem apenas 155 faculdades de medicina (Google). Com certeza que a parcimônia não é uma virtude nacional!

Renato Gomes Nery. E-mail – rgnery@terra.com.br

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