A SINUCA DE BICO DOS APOSENTADOS

A vida é uma equação de aritmética, em que impera a tabuada para se somar, subtrair, multiplicar e dividir. Ela não foge da dimensão destas premissas de um teorema cartesiano. O imponderável existe, mas é uma exceção. Isto para se dizer que devemos planejar nossas vidas, com a formação, as informações e do aprendizado que dispomos para levá-la em frente, com menos surpresas possíveis.

A falta crônica de estabilidade econômica que sempre teve o Brasil, conspira contra todos os planejamentos. Normalmente, procura-se a estabilidade de empregos sólidos, o que, em boa parte das vezes, leva-se ao Serviço Público. Enfim, este é o sonho de grande parte dos brasileiros. Entretanto, a remuneração de hoje pode não ser a de amanhã, devido a crônica instabilidade, ressaltando que o imposto de renda não poupa sequer os aposentados (e não deveria), enquanto setores pujantes da economia são isentos de tributação.

Entretanto, a exceção existe para confirmar a regra, e esta, neste caso, são os egressos da Nomenclatura Oficial do serviço público que não conhecem limites, apenas vantagens e privilégios.

Eu conheço diversos casos em que a aposentadoria não cobre mais as despesas agravadas pela velhice, numa idade em que se precisa de estabilidade e de paz. Essas pessoas ficam num fio de navalha tentando sobreviver, pois a comida, a água, a energia e o aluguel estão cada vez mais distantes do seu bolso. Ressaltando que a conta de medicamentos foi para a

estratosfera. Além do mais, muitos idosos são arrimo de família. Ser velho neste País é um duro castigo!

E aí os idosos, procuram rendas alternativas como solução, mas falta-lhe ânimo e saúde para recomeçar no competitivo mercado de Trabalho. É certo que planejar é uma tarefa penosa por causa das incertezas e das instabilidades que fogem do controle do cidadão comum que vive com o dinheiro contado.

Meu caro leitor e a saída! Existe saída? Se se for perguntar para os iniciados na área, eles vão dizer que deveria fazer, desde cedo, um pecúlio e ir regando-o ao longo da vida. Para quem sempre viveu com os proventos pela hora da morte, este conselho é inútil! Para outros é fazer como boa parte dos latino-americanos: mudar para a América! O outro caminho mais difícil seria começar a vida empreendendo, enfrentando toda sorte de entraves que a Reforma Tributária recente promete resolver.

É bom não se esquecer da “via crucis” a percorrer para conseguir a aposentadoria sujeita a revisões e mais revisões. Além do mais, todos foram colocados na vala comum do teto máximo do INSS de pouco menos que dez salários-mínimos, com algumas poucas exceções, sujeito a imposto de renda que, se fosse possível, acompanharia o aposentado depois da morte, uma vez que “as coisas ruins” costumam ser eternas. Pode-se ficar livre de tudo, menos da morte e dos tributos!

Enfim, viver aqui é um flagelo! Deus, na dúvida onde colocar o inferno plantou-o abaixo da Linha do Equador!

Renato Gomes Nery. E-mail – rgnery@terra.com.br

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